PPLSA

sábado, 23 de fevereiro de 2013

II CIFALE – CONGRESSO INTERNACIONAL DA UFRJ (SIMPÓSIO)

Hinterlândia, Interlândia: representação e apropriação das geografias- limite 
no discurso literário resumo
Ricardo Pinto de Souza/UFRJ
José Guilherme dos Santos/ UFPA
ricardo.pintodesouza@gmail.com

Palavras-chave (mínimo 3 e máximo de 5): Tradução Cultural, Estudos Culturais, Nacionalismo, Identidade Nacional, Hegemonia das Diferenças
   
Levando em consideração a importância que o território interior, como as terras habitualmente chamadas de Sertão ou as terras Amazônicas têm para a formação da identidade brasileira (assim como a latino-americana) e para a formação da tradição literária no país, este simpósio se propõe a rever as formas de representação, de tradução e de  apropriação/colonização do sertão e da floresta por parte das “cidades letradas”, sem descuidar da correlação do mundo letrado com as produções textuais das populações originárias. A questão que norteará as discussões do simpósio será a seguinte: como e com quais sentidos são construídas as representações de cada segmento, seja letrado ou local? Constituídas simbolicamente como o lugar do outro, como o lugar do sertanejo ou ribeirinho em oposição ao citadino, do lugar sem história em oposição aos lugares cultos, do civilizado em oposição ao selvagem, paradoxalmente o sertão e a floresta são também espaços a partir dos quais a identidade nacional finalmente se afirma, em que a descoberta de si e do outro é finalmente possível. Daí, pois, a necessidade de se pensar simbolicamente esta tradição de representação do “lugar distante, do longe” e do Hinterland como a cartografia de uma geografia-limite, um espaço geográfico e humano em que as regras usuais de representação não se aplicam, ou necessitam ser interculturalizadas com o local. A vant agem fundamental de se pensar este processo de representação enquanto um ato tradutório se refere à preocupação e à sensibilidade que a teoria da tradução possui em relação à manutenção da alteridade e da diferença daquilo que é traduzido no texto que traduz.
Se, por um lado, a interrogação desta tradição literária significa estabelecer as fissuras e violências simbólicas que a ação de criar este outro negativo acaba gerando não apenas contra o “sertanejo”, mas também sobre o consumidor deste tipo de representação, é necessário um esforço a mais para resgatar e tornar presente no jogo discursivo a auto-representação destas comunidades. Pensar a representação destas terras interiores por seu outro urbano e letrado deve passar também por refletir sobre a representação de si nestas comunidades. Neste caso, é preciso articular problemas formais e políticos que precedem a discussão sobre a alteridade, especialmente o caráter único, com regras estruturais e poéticas próprias, das na rrativas e poemas da tradição oral, assim como o problema de manutenção da memória comunitária sem o recurso ao texto. Da mesma forma, deve-se perguntar que significado e influência estas formas externas de representação têm sobre as comunidades que são retratadas, qual o período de latência dessa influência, qual seu alcance?
Assim, o Simpósio Hinterlândia, Interlândia: representação e apropriação das geografias-limite no discurso literário receberá comunicações que possam articular teoricamente o proposto acima, propondo uma crítica da grande tradição de reflexão sobre as geografias-limite. Como temas afins dentro da discussão, propomos:

i. a construção do outro e do próprio identitários através do discurso sobre o Sertão e a Floresta;
ii. a tensão entre interesse local/universal na tradição literária de representação do interior;
iii. a auto-representação do Sertão e da Floresta e o seu silenciamento no discurso sobre eles;
iv. poéticas e problemas teóricos da oralidade em sua relação com a representação do interior;
v. revisão teórica do relato dos viajantes e a invenção do Sertão e da Floresta;
vi. o Sertão e a Floresta enquanto lugares da violência;
vii. o Sertão e a Floresta hoje;
viii. a centralidade na tradição latino-americana do relato sobre o interior.


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