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terça-feira, 5 de março de 2013

Povo Ka’apor constrói Projeto Pedagógico e Curricular de Educação Básica com apoio de linguistas da Faculdade de Letras do Campus de Bragança - UFPA


A partir de contexto inóspito, desde a omissão à saúde indígena até a garantia de permanência em seu próprio território, um grupo de educadores, pesquisadores e lideranças jovens Ka’apor decidiram realizar, em agosto de 2010, um encontro para avaliar as ações governamentais na Terra Indígena Alto Turiaçu, noroeste maranhense. Dentre os desdobramentos das discussões e como resultado da avaliação entre lideranças e educadores dos três povos existentes no território (Ka’apor, Awá Guajá e Timbira), resultou a realização do 1º Encontro de Educação Ka’apor, na Aldeia Turizinho. Nesse primeiro encontro, procurou-se conhecer experiências de educação escolar indígena de outros povos, assim como perspectivas para o futuro da educação escolar, fundamentadas em demandas próprias da educação Ka’apor. Ainda neste evento, escolheu-se uma Comissão de Educação Ka’apor com a tarefa de conduzir os demais encontros para organizar a educação escolar Ka’apor, assim como coordenar a elaboração de Projeto Pedagógico e Curricular. A Comissão de Educação tem encontrado dificuldades que vão desde a ausência, omissão e intransigência de técnicos da SEDUC, até o descaso do Estado em reconhecer e legitimar as pedagogias e processos organizativos próprios do povo ainda presentes nas práticas indígenas. As atividades de educação na sociedade Ka’apor têm contado com apoio e orientação pedagógica e antropológica do mestre em antropologia José Andrade.
            Em maio de 2012 aconteceu a 1ª Reunião Interinstitucional para a Educação Ka’apor, com a participação de órgãos parceiros, executores de políticas públicas para a educação escolar indígena no Estado, lideranças e educadores Ka’apor, com o objetivo de se apresentar uma primeira versão do projeto pedagógico e curricular, assim como exigir do Estado: a) a emissão de documentação comprobatória de aproveitamento escolar de educandos Ka’apor do Ensino Fundamental I; b) o encaminhamento referente ao reconhecimento do projeto pedagógico e curricular; c) a realização de Encontros de Avaliação Cognitiva, considerando aspectos antropológicos e sociolinguísticos, para identificação de perfil pedagógico de educandos Ka’apor, candidatos ao Ensino Fundamental II.
            Nos Encontros de Avaliação Cognitiva, foi relevante, primordial a participação, apoio e orientação sociolinguista da Faculdade de Letras, do Campus Universitário de Bragança - UFPA, na pessoa da Profa. Dra. Raimunda Benedita Cristina Caldas, que retomou, desde 2012, o trabalho e a vivência junto ao povo, após seus estudos, que iniciaram desde 2000 e que culminaram em sua tese de doutorado concluída em 2009. A partir de então, os encontros de avaliação e atividades de ensino têm a participação de grupo de estudos e pesquisas – Projeto Vozes do Caeté –, vinculado ao Campus de Bragança, de caráter interdisciplinar, a fim de propor conjuntamente com o povo Ka’apor a matriz curricular almejada por estes. Este grupo de pesquisas é capitaneado, além da Profa. Cristina Caldas, pelos professores José Guilherme Fernandes e Tabita Fernandes.
A atuação dos profissionais da linguística, narratologia e antropologia, junto à Comissão de Educação Ka’apor na elaboração e reconhecimento do Projeto Pedagógico e Curricular de Educação Básica Ka’apor ao Conselho Estadual do Maranhão, desdobrou-se na participação do grupo de pesquisas Vozes do caeté, sob a indicação do Ministério Público Federal do Maranhão, na Comissão de Educação que discute e elabora diretrizes para Educação Escolar Indígena no Estado do Maranhão, em especial para a educação Ka’apor. A primeira reunião ocorreu em 25.02 e a próxima será 12.03, em São Luís do Maranhão.




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