A partir de
contexto inóspito, desde a omissão à saúde indígena até a garantia de
permanência em seu próprio território, um grupo de educadores, pesquisadores e lideranças
jovens Ka’apor decidiram realizar, em agosto de 2010, um encontro para avaliar
as ações governamentais na Terra Indígena Alto Turiaçu, noroeste maranhense. Dentre
os desdobramentos das discussões e como resultado da avaliação entre lideranças
e educadores dos três povos existentes no território (Ka’apor, Awá Guajá e
Timbira), resultou a realização do 1º Encontro de Educação Ka’apor, na Aldeia
Turizinho. Nesse primeiro encontro, procurou-se conhecer experiências de
educação escolar indígena de outros povos, assim como perspectivas para o
futuro da educação escolar, fundamentadas em demandas próprias da educação
Ka’apor. Ainda neste evento, escolheu-se uma Comissão de Educação Ka’apor com a
tarefa de conduzir os demais encontros para organizar a educação escolar
Ka’apor, assim como coordenar a elaboração de Projeto Pedagógico e Curricular. A
Comissão de Educação tem encontrado dificuldades que vão desde a ausência,
omissão e intransigência de técnicos da SEDUC, até o descaso do Estado em
reconhecer e legitimar as pedagogias e processos organizativos próprios do povo
ainda presentes nas práticas indígenas. As atividades de educação na sociedade Ka’apor
têm contado com apoio e orientação pedagógica e antropológica do mestre em
antropologia José Andrade.
Em
maio de 2012 aconteceu a 1ª Reunião Interinstitucional para a Educação Ka’apor,
com a participação de órgãos parceiros, executores de políticas públicas para a
educação escolar indígena no Estado, lideranças e educadores Ka’apor, com o
objetivo de se apresentar uma primeira versão do projeto pedagógico e
curricular, assim como exigir do Estado: a) a emissão de documentação
comprobatória de aproveitamento escolar de educandos Ka’apor do Ensino Fundamental
I; b) o encaminhamento referente ao reconhecimento do projeto pedagógico e
curricular; c) a realização de Encontros de Avaliação Cognitiva, considerando
aspectos antropológicos e sociolinguísticos, para identificação de perfil
pedagógico de educandos Ka’apor, candidatos ao Ensino Fundamental II.
Nos
Encontros de Avaliação Cognitiva, foi relevante, primordial a participação,
apoio e orientação sociolinguista da Faculdade de Letras, do Campus
Universitário de Bragança - UFPA, na pessoa da Profa. Dra. Raimunda Benedita Cristina
Caldas, que retomou, desde 2012, o trabalho e a vivência junto ao povo, após
seus estudos, que iniciaram desde 2000 e que culminaram em sua tese de
doutorado concluída em 2009. A partir de então, os encontros de avaliação e
atividades de ensino têm a participação de grupo de estudos e pesquisas –
Projeto Vozes do Caeté –, vinculado ao Campus de Bragança, de caráter
interdisciplinar, a fim de propor conjuntamente com o povo Ka’apor a matriz
curricular almejada por estes. Este grupo de pesquisas é capitaneado, além da
Profa. Cristina Caldas, pelos professores José Guilherme Fernandes e Tabita
Fernandes.
A atuação dos
profissionais da linguística, narratologia e antropologia, junto à Comissão de
Educação Ka’apor na elaboração e reconhecimento do Projeto Pedagógico e
Curricular de Educação Básica Ka’apor ao Conselho Estadual do Maranhão,
desdobrou-se na participação do grupo de pesquisas Vozes do caeté, sob a indicação
do Ministério Público Federal do Maranhão, na Comissão de Educação que discute
e elabora diretrizes para Educação Escolar Indígena no Estado do Maranhão, em
especial para a educação Ka’apor. A primeira reunião ocorreu em 25.02 e a
próxima será 12.03, em São Luís do Maranhão.
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